quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Mãe sem neuras


Eu sou uma mãe relax. Digna de ser hippie, ou quase.

É meio assim, imaginem as seguintes cenas:

#CENA 1

Filho corre, e dá com a testa na quina da mesa, no chão, na rua, na chuva, na fazenda. Que seja.


Mãe “normal”:
O coração dispara, ela vai tremendo e com um nó na garganta, pega a criança abraça, e quase ou chora junto.

Eu:
Vou ver se não machucou mesmo e se constatado que não, dou um beijinho, bato palmas, faço graça e acabou. Já aconteceu de eu ver Luca cair da escadinha que dá pro quintal ( 3 degraus  irregulares), e não senti absolutamente nada. Minha preocupação na hora é de sempre olhar ele, boca, nariz, testa, cabeça e fazer festa batendo palmas pra ele desestressar do susto.

#CENA 2

Bateu um ventinho mais frio e você está na rua.

Mãe “normal”:
Apressa o passo pra chegar logo em casa e colocar um casaco, gorro, e meias na cria.

Eu: Luca é calorento, gente!

#CENA 3

No meio da noite você percebe que a criança tá meio quentinha, mas sem nenhum outro sintoma aparente.

Mãe “normal”:
Tem um pediatra de confiança, liga pra ele e informa a situação já avisando que levará pra avaliação no outro dia, mede a temperatura de 5 em 5 minutos, e óbvio, não dorme.

Eu:
(Luca não tem pediatra, quando necessário levamos ao posto de saúde, que felizmente tem um bom pediatra, ou ao hospital infantil ) Meço a temperatura e repito o mantra ao marido para tranquilizá-lo “ ter febre é bom, isso mostra que o corpo da criança está saudável, se aquecendo para combater algum intruso( vírus ou bactérias). Vamos dormir, daqui a pouco meço a temperatura de novo, e caso a febre aumente mais a gente leva no pedi ok?”

#CENA 4


Você precisa passar o dia fora e levar a criança junto.

Mãe “normal”:
Se preocupa com a bolsa arrumada e principalmente com a comidinha, leva a papinha/lanche em vasilhinhas, suquinho, iogurte, ou já sabe o que comprar no supermercado mais próximo.

Eu:
Pega a bolsa, a água e vamo. Tem bastante leite pronto e na temperatura ideal aqui no peito.

#CENA 5

A criança tá da cor do chão e deu sono, justo na hora do banho.

Mãe “normal”:
Dá banho na criança semi acordada, manhosa e chorosa querendo dormir, afinal ela tá da cor do chão e deve dormir limpinha.
Eu:
Vem, filhote, mama aqui, bora tirar uma soneca! Lenço umedecido existe pra quê?


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Brincadeiras a parte, perceba que o mãe normal sempre está assim entre aspas, para não generalizar, pois é o que eu observo e ouço de outras mães, e a outra, bem, essa sou eu. Já me senti culpada por ser assim, por não me preocupar com o que eu ia oferecer a Luca na rua já que ele estava em fase de introdução alimentar, já me senti culpada por não ficar acordada medindo a temperatura e dormir, isso gente, culpada por dormir, porque mãe que é mãe fica acordada quando o filho está quentinho, já me senti a pior mãe por tê-lo deixado dormir sujo, e acredite: me perguntei realmente se eu era “normal” por não sentir nada, nem sequer o coração disparar ao vê-lo cair. E depois de tanto refletir, mais uma vez concluí que do mesmo jeito que não somos mulheres iguais muito menos ideais, jamais seremos mães do mesmo modus operandi. É uma auto avaliação constante, um redimensionamento de práticas latente, e uma certeza, sou uma mãe sem neuras.







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